Reunião com funcionários do HBJ foi para explanar sobre situação do mesmo

Publicado por Gazeta de Riomafra - 23/03/2013 - 23h07

Sem receber o vale alimentação há dois meses e ainda não tendo recebido o salário referente ao mês de fevereiro, aliados à falta de comunicação da diretoria e, ainda, assombrados com a possibilidade de existência de uma ‘lista de funcionários a serem demitidos’, a imprensa seria atendida na tarde de quinta-feira por uma equipe de trabalhadores do Hospital Bom Jesus. No entanto, sabedora disso a diretoria agendou reunião com seus servidores no mesmo horário.

Os funcionários já cogitavam um abaixo-assinado para solicitar informações da diretoria, levando em consideração de que eles não recebiam, até então, quaisquer informações a respeito da situação do Hospital Bom Jesus e muito menos sobre como se iriam proceder aos pagamentos aos trabalhadores e se haveria ou não demissões.

Durante a reunião onde inicialmente não se aprovava a presença da Imprensa, o presidente Ezequiel Ramos e o administrador Marlon Witt anunciaram que, diante da crise financeira pela qual passa a Unidade Hospitalar, após estudo verificou-se a necessidade de demitir vinte funcionários, cuja demissão será feita por etapas, seis na primeira e sete em cada uma das demais etapas.

Durante a reunião – da qual alguns funcionários reclamaram de não ter oportunidade de interagir, o presidente da Instituição propôs que, para a primeira etapa da rescisão fica definida com a saída espontânea dos funcionários que assim o quiserem e que seriam considerados demitidos sem justa causa, com todos os direitos garantidos e, os que sobrarem dos primeiros seis a deixarem suas funções, serão definidos pelos próprios funcionários, que devem avaliar companheiros que não estão atuando em suas funções ou os que estão dando problemas. Essa ‘decisão’ causou estranheza aos funcionários que, além de alegarem a possibilidade de haver injustiças, já que podem ser formados ‘grupos para derrubar funcionário do qual alguém não goste’ e ainda tende a colocar os possíveis demitidos a ficarem contra os atuais colegas de trabalho, os acusando de colaborarem para tal.

Durante a reunião, três funcionárias já apresentaram seus nomes se colocando à disposição para serem demitidas, sem justa causa, desde que haja o pagamento integral de todos os seus direitos. O presidente da Instituição garantiu que se está buscando recursos para o pagamento das rescisões, assim como para os salários devidos.

De acordo com uma das funcionárias presente à reunião, até a diretoria tomar conhecimento de que a Imprensa iria ouvir os funcionários, já que até então não haviam se manifestado e apresentado alguma explicação, “pelo contrário, até mesmo se esquivando dos funcionáriosâ€, resolveram marcar a reunião para o mesmo horário, com a desculpa de esclarecer todos os fatos que vêm ocorrendo no Hospital.

Quando ao presidente comentar que os assuntos pessoais quanto ao não recebimento dos salários e vale alimentação e que não poderiam ser repassados aos pacientes, os trabalhadores do Hospital são praticamente unânimes em perguntar “qual funcionário estará contente com essa situação? Temos que ser muito guerreiros para trabalhar sem salários e ainda estampar um lindo sorriso nos rostosâ€, apontam.

Pagamento dos salários

A diretoria do Hospital, após relato sobre a situação financeira caótica pela qual o mesmo passa, afirmou aos funcionários que empenho não vem faltando. Atentaram para o fato de que o repasse do HOSPSUS – via Governo do Estado, estava para ser liberado de ontem até segunda-feira, num montante de R$ 80 mil, o que segundo ele, já será empregado para pagamento de parte dos salários. “O dinheiro que formos conseguindo vamos ratear em partes iguais para os funcionários, temos que achar um meio legal para issoâ€, disse o pastor Ezequiel, lembrando ainda que do repasse da Prefeitura, na ordem de R$ 165 mil, terá que efetuar o pagamento da nova equipe médica que está atuando junto ao Pronto Atendimento. Prometeu, ainda, que os funcionários serão comunicados a partir de então, de toda e qualquer novidade na questão financeira, dizendo que se as melhorias previstas na área física do Hospital teriam os recursos melhor aplicados se ao invés de virem em forma de equipamentos e materiais de construção, viessem em dinheiro.

Os funcionários afirmam que muitos dos que estão sem receber salário não possuem condições nem mesmo de comprar comida e reiteram que estão ficando estressados e até com má vontade em trabalhar. Reclamam eles, também, que estão proibidos inclusive de conversar entre si, principalmente nos corredores, o que afirmam ser preciso, em busca de informações. “O Hospital é a nossa segunda casa e nunca passamos por uma situação destas, de chegar a esse ponto, deprimenteâ€, falou uma servidora da Instituição.

A diretoria disse que “provavelmente†os funcionários recebam “parte†de seus salários no dia 25 (segunda-feira) ou até o final de semana que vem. Muitos dos trabalhadores disseram à nossa reportagem, não acreditarem que isso venha a acontecer e, ainda, destacaram que nem cogitado o pagamento do PAT (auxílio alimentação) por parte dos superiores.

Palavra de funcionário

Durante a reunião, levando em consideração que não tiveram permitido o acesso à Imprensa, os funcionários escolheram o técnico em Radiologia Emerson Dias do Nascimento, que atua no Hospital Bom Jesus já há dez anos, para conversar com nossa reportagem.

Emerson disse que os funcionários estavam angustiados e com muitas dúvidas, mas em hipótese alguma pensaram em deflagrar uma greve, porque os pacientes precisam de atendimento e do trabalho deles. “Queríamos era saber a verdade e a situação sobre nossos empregos e saláriosâ€.

Ele disse ser sabedor de que a Prefeitura de Rio Negro não repassou subvenção no corrente ano e que o Governo do Estado (Secretaria da Educação) ainda deve repassar os valores de janeiro e fevereiro do HOSPSUS, no valor de R$ 80 mil.

“Em outra ocasião chegamos a ficar três meses sem receber e não queremos passar por isso novamente, por isso queríamos uma reunião explicativaâ€, disse o técnico, enfatizando o caso, por exemplo, de um casal que trabalha no Hospital e atualmente está sem comida em casa, já que ambos não receberam.

Com relação a demissão e a forma desta, Emerson do Nascimento diz que deveria ser de outra forma, para que não ocorram injustiças. Destacou que há funcionários que já estão em época de se aposentar e, se a diretoria colocar em ordem a situação dos mesmos para que possam deixar o Hospital e receber do SUS, não haveria necessidade da demissão voluntária ou expressa pelos próprios funcionários. “Se eu não gostar de uma determinada pessoa posso então convencer um grupo de amigos a indicar o seu nome para ser excluído do quadro funcional, o que demonstra injustiças que podem vir a ocorrerâ€, relatou.

Finalizando sua conversa com a Gazeta, Emerson Dias do Nascimento salientou que os funcionários continuam apreensivos e necessitando de seus pagamentos e também que “sabe que a Administração está correndo atrás de recursos, mas precisamos é de transparência e que seja dada a devida importância para cada funcionário do Hospitalâ€.

Transparência

Conforme matéria que o leitor acompanha nessa mesma edição, na última quarta-feira, em conjunto com a ACIRN, foram instituídas várias comissões em prol do Hospital, visando buscar recursos para saneamento das dívidas. Uma destas comissões é justamente a de transparência, formada em sua grande maioria por representantes da Imprensa de Mafra e Rio Negro.

No primeiro dia após a formação da comissão, quando a Imprensa chegou ao Hospital e solicitou acompanhar a reunião, recebeu a informação de que a entrada não estava permitida, por parte da administração.

Imediatamente citamos à atendente o fator transparência e nossa reportagem pediu para que o administrador Marlon Witt fosse chamado para nos explicar onde estava a transparência. Momentos depois fomos autorizados a acompanhar a reunião.

Há de se lembrar que o presidente do Hospital havia afirmado que a Imprensa tem acesso livre às instalações daquela Unidade e que, inclusive, poderia visitar todo o interior quando acreditasse necessário. Saliente-se, ainda, que além da imprensa ser livre e atuar em defesa dos interesses da comunidade, os membros da comissão de Transparência não são subordinados ao Hospital ou à ACIRN e, sim, possuem autonomia para buscar a realidade e repassá-las aos leitores e, no caso, também aos funcionários. Afinal, porque não poderíamos ouvir aqueles que mantém os trabalhos do Hospital com garra e dedicação, mesmo estando sem salários? Fica no ar a pergunta.

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2 comentários publicados
  1. Néia

    FALTA DINHEIRO ISSO SIM, como podem trabahar se nao tem dinheiro?

  2. marcos

    so falta administracao saber trabalhar

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