Riomafrenses revivem drama das enchentes

Publicado por Gazeta de Riomafra - 14/09/2011 - 09h20

À 1 da manhã desta segunda-feira o nível do rio estava 9,72 metros acima do normal, o pico máximo foi entre 9h e 11h da manhã do dia 12, que chegou a 9,82 metros.

Ãs 15h de ontem (terça-feira) o leito do rio estava 9,38 metros acima do nível normal.

A vazão chegou a 582 m³ por segundo e ontem estava em 526m³/s.


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Rio Negro

Em contato com Nelson Furtado, da Defesa Civil de Rio Negro soubemos que o rio Negro baixou cerca de 40 centímetros das 19h30min desta segunda-feira, até o meio-dia de ontem.

As 24 famílias que publicamos na edição do último sábado, continuam desabrigadas em Rio Negro e alojadas no Ginásio XV de Novembro.

Segundo Nelson, a tendência é que o leito do rio normalize até sexta-feira, e que no final de semana as famílias possam voltar pra suas casas.

Picos

À 1 da manhã desta segunda-feira o nível do rio estava 9,72 metros acima do normal, o pico máximo foi entre 9 e 11h da manhã do dia 12, que chegou a 9,82 metros.

Ãs 15h de ontem (terça-feira) o leito do rio estava 9,38 acima do nível normal.

A vazão chegou a 582 m³ por segundo e ontem estava em 526m³/s.

Situação de Emergência

A Defesa Civil já fez um decreto de emergência para o município de Rio Negro e pode ser assinado nos próximos dias, quando o prefeito Alceu retornar das férias.

Segundo a assessoria de gabinete do Executivo rionegrense a situação de emergência deve ser decretada para aqueles munícipes que forem requerer Fundo de Garantia devido às enchentes. A nível de Governo Federal, desde 2009 o município aguarda verba, e ainda nesse ano de 2011 nada foi recebido.

Outro lado

A reportagem da Gazeta recebeu um relato, quase um desabafo, de uma moradora da Vila Paraíso que sofre todos os anos com as cheias.

Ela nos disse que não recebeu a atenção devida da Defesa Civil, segundo o que nos contou, no sábado ligou para o celular da Defesa e depois de várias tentativas, quando foi atendida, lhe disseram para ficar tranquila pois as águas não chegariam até sua casa, localizada na Rua São Paulo, prometeram voltar a noite. A moradora de Rio Negro disse que vendo a água subir e tendo a certeza de que entraria na sua casa, pôs sua mudança no meio da rua, na esperança de que alguém se sensibilizasse, já que todos os anos tem que contratar, por conta própria, um caminhão para fazer este serviço.

Graças à solidariedade de um vizinho, conseguiu deixar seus móveis numa garagem. No domingo de manhã as águas já haviam invadido sua casa, e até hoje estão lá.

A maior reclamação da moradora é primeiramente o número disponibilizado pela Defesa Civil, um celular, o que já dificulta, a outra é o horário (comercial) para atendimento de emergências. Sem contar que não disponibilizam meio de transporte para a mudança das famílias atingidas.

Mafra

Pelo terceiro ano consecutivo o rio Negro e rio da Lança castigam os moradores ribeirinhos em Mafra. As fortes chuvas que caíram nos dias 5, 6,7, 8 e 9, desabrigaram 46 famílias – cerca de 250 pessoas – alojadas nos Ginásios de Esportes Tutão e do CEIM Beija Flor e em casas de familiares.

Ao contrário do que normalmente se verificou nas enchentes anteriores, o rio Negro continuou subindo cerca de 1 cm por hora, mesmo após três dias sem chuva, o que preocupou a Defesa Civil. Eles explicaram que a situação se deu pelo represamento provocado pela cheia do rio Iguaçu, onde o rio Negro desemboca.

As primeiras famílias ribeirinhas atingidas começaram a acionar a Defesa Civil na madrugada de sexta-feira, 9 antecipando a chegada das águas. Outras, porém, aguardavam com esperança de que o rio começasse a baixar, como o caso da família de Isidoro da Silva, de 68 anos, aposentado, que mora próximo ao rio da Lança, na Vila Argentina.  Na tarde do último domingo (11), a família estava toda reunida, em frente à casa, acompanhamento o movimento da água e esperando que o rio baixasse. A família de seu Isidoro mudou-se para Mafra em 2009, vindo de Caçador para ficar perto da filha, que hoje mora nos fundos. Quando comprou a casa em que vive não sabia que pegava enchente. “A primeira enchente que vivi foi no ano passado, 8 meses após estar instaladoâ€, explicou. Na ocasião abrigou-se com a família, na garagem da casa do ex-proprietário. Na manhã de segunda-feira (12), mesmo com as águas subindo lentamente, a família permanecia na casa, em vigília.

Família atingida

Já a família de João Maria Simões, que trabalha com serviços gerais, não teve tempo de esperar. A casa onde mora há 3 anos com a esposa e três filhos, é uma das primeiras a ser atingida pelas águas do rio da Lança. Eles abrigaram-se na casa de uns vizinhos, em um local um pouco mais alto. “Dói muito, mas o que fazer? Sair daqui e ir para onde?â€, questionou João Maria, olhando para a água que teima em subir. Apesar disso ele não desanima: “temos que manter a calma e a esperançaâ€, afirma.

A Defesa Civil de Mafra orientava as famílias ribeirinhas, pedindo que mantivessem a calma, mas que não esperassem a água chegar nas casas para providenciarem a mudança.

A diretora de Defesa Civil, Solange Lansky explicou que a enchente do rio Negro deste ano, que até a manhã de segunda-feira chegou a 9.82 metros, foi superior a de 2009, que atingiu 9,27 metros. Em 2010 o rio Negro atingiu 10.50 metros.

Perdas

Todos os prejuízos causados pelas cheias do rio Negro e rio da Lança, na área urbana, bem como os estragos provocados nas estradas, pontes e bueiros e ruas da cidade e do interior, pelas fortes e constantes chuvas que caíram desde a última quarta-feira, estão sendo computados.

Emergências

Para acionar a Defesa Civil basta ligar diretamente para o nº 193, do Corpo de Bombeiros, que é onde estão concentrados todos os caminhões para o resgate das famílias. Informações também podem ser obtidas pelo telefone 3643-7742.

História

Em julho de 1983 a população de Mafra, e Rio Negro, cidade divisa do Paraná, observou perplexa o nível das águas do rio Negro, que corta os dois municípios, subir rapidamente, chegando a 14,57 metros, inundando bairros, destruindo edificações e deixando milhares de desabrigados.

Nove anos depois, em maio de 1992 o nível chegou a 14,42 metros e as águas novamente invadiram as cidades.

Mafra ficou isolada de Rio Negro com a interdição das pontes Rodrigo Ajace e a Dr. Diniz Assis Henning (a ponte Metálica), além da cidade ser dividida pelo rio da Lança, afluente do rio Negro. Houve também a interdição da BR 116 no local onde a rodovia atravessa o rio da Lança. Quatro bairros mais baixos foram atingidos. Cerca de oito mil desabrigados foram enviados a 24 abrigos oficiais, entre salões paroquiais, ginásios, clubes, barracões de empresas e até vagões de trens da antiga Rede Ferroviária Federal.

2010

Em abril do ano passado foi decretada situação de emergência em Mafra e o rio chegou a 9,50 metros acima de seu nível. Nas duas cidades cerca de 179 famílias foram colcadas em abrigos.

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4 comentários publicados
  1. EDSON

    É lamentável que exista em pleno seculo 21 pessoas tão ignorantes, como esta senhora da vila paraiso de Rio Negro. Moradora a mais de trinta anos no bairro, já devia de saber os riscos existentes com as cheias do rio Negro, pois esta enchente já é a 9ª no municipio, e os moradores não querem sair destes locais. Diga-se de passagem que poucos são os proprietários destas casas, eles ja sairam e alugam para outros ( sofrerem ). OPINIÃO: TODAS AS PESSOAS QUE NECESSITAM DE ALUGAR RESIDENCIAS NO MUNICIPIO, DEVERIAM CONSULTAR A PREFEITURA.

  2. valeria

    familias da vila paraiso recebendo casa para morar no bairro alto??
    é ruim de alguem ganhar alguma coisa……
    e que bom que vcs deram enfase ao desabafo da minha måe (a moradora da vila paraiso) eles mal e mal recebem aquela cesta basica que chega a dar dø de quem a recebe.

  3. Anonymous

    Ouvi falar que muitas familias da vila paraíso receberam casas no bairo Alto, e venderam e voltaram para lá. Mas vai saber se é verdade.

  4. Susana

    A minha revolta é ver que cada vez mais, aumenta as famílias na vila argentina, área de invasão, onde nenhum prefeito toma providência. Eles tem luz e água ligada, estranho em área de invasão.
    Sem contar o montante de lixo que recolhem e separam do lado do rio.
    Cadê as políticas públicas de atendimento no remanejamento destas famílias, questão saúde e meio ambiente, hoje existem conselhos de tudo, mais usando tapa olho.
    Jamais deveriam permitir essa reciclagem do lixo nesse local.
    Prefeito, autoridades onde estão vocês????
    Outra Crítica é a respeito do policiamento nos locais de grande fluxo de veículos, não havia ninguém ajudando a desafogar o trânsito, verdadeiro descaso.
    Realmente Mafra está esquecida, nossa cidade foi invadida por ratos, pois é burraco em todos os bairros.
    Se não fosse verba federal, nem o asfalto novo que corta a vila argentina saíria.
    Espero que nas próximas campanhas políticas, o povo lembre deste detalhe…..

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