Polêmica sobre referência em Saúde de Alta Complexidade continua em Mafra

Publicado por Gazeta de Riomafra - 17/04/2013 - 13h59

Ao contrário do que a própria população mafrense esperava, a Câmara de Mafra – mesmo havendo se pronunciado antes de nossa edição de sábado sobre o município ter votado contra a implantação dos serviços de Alta Complexidade em ortopedia/traumatologia e neurocirurgia junto ao Hospital São Vicente de Paulo, não convocou o prefeito Eto Scholze e o secretário de Saúde, Tadeu David Geronasso para que comparecessem em Plenário no Legislativo para prestar esclarecimentos sobre a tomada dessa decisão, para que a população através de seus representantes e da própria imprensa, pudesse tomar conhecimento dos reais motivos que a atual Administração julga procedentes para se negar a proporcionar esse atendimento à comunidade, recebendo recursos para a realização dos serviços etc.

Pelo contrário, os vereadores aceitaram ‘convite’ do prefeito Eto para que comparecessem em reunião secreta, fechada à comunidade e à imprensa, onde teria se justificado quanto a tomada da decisão que vem revoltando grande parte da comunidade mafrense, sabedora de que se concretizada tal ‘complexidade/referência’ no vizinho município de Canoinhas, é para lá que a população que necessitar de atendimento em ortopedia e traumatologia, bem como em neurocirurgia, terá que ser encaminhada, mesmo considerando-se todo o investimento já realizado no Hospital São Vicente de Paulo para suportar tal atendimento e, ainda, levando-se em consideração que Mafra é referência em Pronto Atendimento, atendendo acidentados de toda a região do Planalto Norte Catarinense e Suleste Paranaense.

Conforme apurado por nossa reportagem e um pouco comentado por alguns edis, a justificativa do prefeito teria sido a mesma já publicada em nossa edição do último sábado, apresentada então pelo secretário Geronasso, numa conclusão de que a alta complexidade ‘seria boa apenas para o hospital e não para o município, que teria maiores custos na contratação de médicos, aquisição de materiais e outros’. O secretário também citou que com a implantação destes serviços em Mafra seriam pacientes de um total de 16 cidades a serem atendidos no HSVP, que sem esta carga poderá atender melhor os próprios munícipes, ‘ficando sem a carga de atendimento a pacientes de outros quinze municípios’.

Pessoas ouvidas por nossa reportagem contrariam a versão do Executivo, destacando que, conforme o próprio administrador do Hospital, Dario Clair Staczuk já havia declarado, da mesma forma se os serviços forem prestados em outra cidade, haverá o custo para a prestação de serviços de pronto atendimento e, sequentemente, para o transporte de pacientes para Canoinhas, prejudicando inclusive familiares dos doentes, que terão despesas igualmente com transporte e, em alguns casos, até mesmo com estadia no vizinho município. “Saúde não tem preço mais tem custosâ€, havia ressaltado o administrador do Hospital à nossa reportagem.

Munícipes se demonstraram surpresos, igualmente, porque a Casa Legislativa vem apresentando reclamações relativas ao fato de que secretários Municipais do prefeito Eto não comparecem na Câmara para prestar esclarecimentos à comunidade, quer seja sobre finanças e obras, que já foram solicitados a comparecer, como nos casos de reabertura do conhecido como ‘trevo da Dirmave’ e iluminação pública ao longo da BR 116 através da Autopista, sem custos para a Municipalidade, entre outros, e simplesmente ‘aceita’ se reunir a portas fechadas com o chefe do Executivo, ficando a população sem o devido retorno e respeito. “Por que querem alterar até a Lei Orgânica para penalizar secretários convocados que não comparecem, se acabam curvando-se ao prefeito e deliberando sobre importantes assuntos de interesse de todos, sem acesso à populaçãoâ€, criticou um leitor aqui da Gazeta de Riomafra.

Secretário Regional irá encetar esforços para que serviços fiquem em Mafra

Procurado por nossa reportagem o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Wellington Bielecki se disse espantado com a maioria dos votos da CIR (Comissão Intergestores Regional) a favor do hospital de Canoinhas para o serviço de Alta Complexidade, enfatizando que buscará unir as forças políticas e técnicas para trazer mais benefícios e investimentos para o hospital de Mafra e garantir que os serviços sejam prestados no Município.

De acordo com Wellington desde 2012 já havia a discussão de onde seria instalado o serviço de alta complexidade em ortopedia/traumatologia e neurocirurgia no Planalto Norte, se no hospital de Mafra ou no de Canoinhas, relembrando que nas reuniões feitas pela CIR, que é composta por 15 membros, sendo 13 secretários municipais de saúde e pelos gerentes regionais de saúde de Mafra e Canoinhas, houve empate na votação em duas oportunidades.

Na primeira semana de abril (dia 01) houve mais uma reunião onde em votação, o hospital de Canoinhas foi o escolhido para prestar tais serviços. “Me espantou a maioria dos votos ter ido para o hospital de Canoinhas, inclusive com o voto do próprio município de Mafra, que era um dos interessados em ter o serviçoâ€, comentou o secretário Regional.

Hospital de Canoinhas não prestou atendimento em média complexidade

O secretário de Estado da SDR Mafra foi informado recentemente pela sua Gerência Regional de Saúde que por ordem judicial, um paciente da região precisava realizar cirurgia ortopédica em média complexidade e o hospital de Canoinhas se recusou a fazer o procedimento, alegando não ter estrutura e profissionais. “O hospital de Canoinhas não tem estrutura para realizar um procedimento de média complexidade e quer ser referência em alta complexidade, não consigo entender essa votaçãoâ€, lamentou.

Sabendo que o hospital de Mafra aceitou fazer a referida cirurgia, Wellington acredita que o parecer técnico da Secretaria de Estado da Saúde levará em conta o posicionamento do hospital mafrense em fazer a mesma e dar continuidade ao procedimento. “O hospital de Mafra mais uma vez se coloca à disposição da região do Planalto Norte, mostrando que a estrutura física, os equipamentos instalados e a qualificação técnica dos profissionais têm todas as condições de realizar cirurgias, não só de média complexidade, mas também de alta complexidade se assim houver necessidade a este ou a outro pacienteâ€, enfatizou.

Inverter a situação

O próximo passo na questão para decisão definitiva sobre o município sede no atendimento em Alta Complexidade será o encaminhamento do que foi decidido na última reunião da CIR em Mafra, para a Comissão Intergestores Bipartite e análise da Secretaria de Estado da Saúde. “Além da vontade do governador Raimundo Colombo para que a alta complexidade se instale no hospital de Mafra, há também os votos dos secretários municipais de saúde de Campo Alegre e São Bento do Sul a favor do município e isso nos fortalece, apesar da manifestação contrária da própria cidade de Mafra, através do Executivo Municipalâ€, ponderou Wellington.

O secretário afirmou ainda que usará de todas as forças possíveis para reverter este quadro negativo que colocaram contra o hospital de Mafra e seus usuários. “Não vamos medir esforços para credenciar o Hospital São Vicente de Paulo no serviço de Alta Complexidade.â€

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