Deficientes físicos querem saber o que ocorreu com a ADEFIMA

Publicado por Gazeta de Riomafra - 01/08/2013 - 12h18

Possível local onde estaria a ADEFIMA, barracão nas proximidades da ABCelesc, bairro Vila Nova, na Massa Falida da empresa “Irmãos Illibrandt”.

Após algumas reportagens sobre portadores de necessidades especiais – mais precisamente sobre cadeirantes, muitas pessoas procuraram a Gazeta parar falar da necessidade de se implantar uma associação para que estes cidadãos pudessem se unir e lutar por seus direitos.

A reportagem da Gazeta sabedora que em Mafra, existia uma associação para deficientes, ao procurar o ex-presidente (e fundador) da ADEFIMA – Associação dos Deficientes Físicos de Mafra, Cidionir Paloma, para saber em que situação a entidade se encontra e falar das queixas de parentes de cadeirantes, sobre a falta de estrutura da mesma e que a única coisa que recebiam após um mês de trabalho era uma cesta básica. “Não é disso que precisamos e sim de uma associação que lute pelos direitos, que propicie e garanta o acesso a tratamentos, medicamentos e uma melhor condição de vida”, disse uma mulher. Muitos deficientes então reclamavam da inércia da ADEFIMA.

Segundo Cidionir, há quase três anos a associação deixou de funcionar, mas está com toda documentação em ordem e que o retorno das atividades depende de uma ordem judicial num pedido para que a mesma funcione em um novo barracão nas proximidades da AbCelesc, bairro Vila Nova, na Massa Falida da empresa “Irmãos Illibrandt”. De acordo com o ex-presidente a área é bem maior que a do antigo barracão onde a ADEFIMA funcionava e o aluguel de mil reais, ao contrário de R$ 1,5 mil pagos no prédio anterior, próximo da Escola Comecinho de Vida. “São 1,2 mil m² ao contrário dos 260 m² do barracão anterior”, discorreu Paloma.

Cidionir afirmou que o síndico da massa falida autorizou a associação guardar seus maquinários no barracão, constando de serra circular; uma destopadeira, furadeira; lixadeira e uma máquina de corte de fios (de garrafas pet, utilizadas para confecção de vassouras). Ele destacou, ainda, que a associação possui maquinário completo de uma olaria para confecção de tijolos e telhas ecológicos, através dos quais pretende dar prosseguimento a projeto já existente para construção de casas ecológicas adaptadas para os portadores de necessidades especiais e disse que o atual prefeito lhe “garantiu” apoio.

Indagado sobre a perua VW/Kombi recebida por doação do Besc/Club – ano 2002, Cidionir Paloma explicou que a mesma também está guardada no barracão onde a associação deve reiniciar suas atividades e que está em perfeito funcionamento. Relatando ainda que já em 2005 a entidade recebeu por doação da Prefeitura de Mafra, um terreno na localidade de São Lourenço (próximo da empresa Frilux e que também está com a documentação em dia), onde pretende construir uma nova sede, inclusive com piscinas para que os portadores de necessidades especiais possam praticar os exercícios necessários para a melhoria de sua qualidade de vida.

Contradições

A equipe de reportagem da Gazeta por duas vezes esteve no barracão citado, próximo da Associação dos Funcionários da Celesc, a primeira sem sucesso em encontrar o síndico.

Na segunda visita foram encontrados os proprietários do barracão, um deles, nos acompanhou e permitiu acesso ao interior do mesmo e confirmou que alguns maquinários haviam sido guardados lá. Também informou que ele mesmo atuou na confecção das “vassouras ecológicas – marca registrada da ADEFIMA”; mostrando o que restou de material da entidade, já que segundo ele o restante havia sido retirado de lá.

O mais impressionante, no entanto, é que o proprietário do imóvel disse que a Kombi (recebida por doação) nunca ficou guardada no barracão e, ainda, que a mesma foi vendida para quitar contas daquela, a maior parte do valor sendo destinada para um dos voluntários que “gerenciava” a associação, em pagamento de dívidas.

Com o endereço do voluntário fomos até a sua residência, que falou a nossa reportagem, porém não permitiu que divulgássemos seu nome e confirmou a paralisação das atividades há cerca de três anos, afirmando também que o maquinário retirado ficou todo aos cuidados de Cidionir Paloma – que, diga-se de passagem, “informou o nome da nova presidente mas não soube precisar nem mesmo um telefone para contato”.

Também informou que só tiveram verba para fazer a mudança para novo barracão, porém não havia dinheiro para reativar a associação. O maquinário da fabrica de vassoura ficou no barracão e o da fabrica de tijolos ecológicos inicialmente teria ficado com ele, depois foi repassado aos cuidados de Cidionir, ou seja, nunca foi colocado no barracão.

O ex-voluntário disse que procurou por todos os meios auxiliar a entidade e indagado falou acreditar que faltaram incentivos municipais para que a mesma obtivesse maior sucesso, destacando que pagava as contas de luz e água “do seu próprio bolso”, ainda afirmando que o executivo municipal na época, ajudava a pagar o aluguel de R$ 1 mil pelo “novo barracão”.

Com relação ao terreno recebido por doação, nos relatou que o de São Lourenço não pertenceu à Associação por falta de documentação, mas que na época estavam nos tramites legais para passar para associação. Porém, faltava recursos para implementar a obra, como a construção de uma nova sede.

O caso “Kombi”

Quando da entrevista com Cidionir Paloma nos disse que a Kombi recebida por doação do BESC/Club estaria em perfeitas condições e “acondicionada” no barracão novo, do qual se espera liberação judicial para uso. Durante a visita ao barracão não havia nenhuma Kombi lá dentro como informado inicialmente por Cidionir, muito menos indícios da tal fábrica de tijolos, sequer nenhum equipamento da tal fábrica foi visualizada pela nossa reportagem, o que também fora naquele momento afirmado pelo ex-dono da fábrica que se encontrava presente a nossa visita ao local.

No entanto, como o próprio ex-dono da fábrica falida nos informou procuramos pelo voluntário que pagava com recursos próprios vários compromissos financeiros da ADEFIMA, o mesmo nos confirmou a venda da perua recebida em doação “para os trabalhos da associação”.  Nos informou ainda que tem a documentação paga para ele R$15 mil das contas da ADEFIMA que quitava com recursos próprios, dinheiro obtido através da venda da Kombi.

Informações do mesmo dão conta, ainda, que a documentação para a venda do veículo foi feita por um escritório de contabilidade de Mafra, o qual de igual forma foi procurado pela Gazeta.

Em contato com o ex contador da associação, nos informou que faz tempo que esse trabalho está paralisado. Há alguns anos o ex-presidente, Cidionir, pegou para si todos os documentos referentes a associação. Outra informação obtida é que a fábrica de vassouras foi paralisada junto com a associação e a de tijolos o projeto nunca saiu do papel.

Após o “fechamento” da ADEFIMA, o contador tentou inúmeras vezes contado com Cidionir, porém o ex-presidente sumiu e não atendeu em nenhum telefonema em três números de celular deixados por ele mesmo. De acordo com o contador, o último contato é do dia 30 de abril de 2007, onde possuiu o documento do balanço da associação que está calculada a composição do capital em R$ 26 mil. Valor que estaria contabilizado o maquinário de ambas as fábricas mais a Kombi.

A ADEFIMA não realizou balanço final com o contador, só foi retirado todos os documentos. O contador não soube informar sobre a situação da ADEFIMA e também dos seus maquinários e veículo.

Enquanto o desfecho da associação não é explicado e recursos públicos estão abandonados ou “perdidos”, os deficientes de Mafra ficam sem quem os represente. Como é o caso da cadeirante Eloise e do menino Cristian Vinícius noticiados pela Gazeta de Riomafra. Também foram nos informado que existem várias pessoas querendo reativar a associação ou fazer outra para atender os inúmeros portadores de deficiência física em Riomafra, principalmente as crianças.

Detalhe placa barracão

Kombi recebida através de doação do BESC/Club

Material da Fábrica de Vassouras armazenado dentro do barracão sem utilidade

 

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01 comentário publicado
  1. Zico Rosado

    Chamamos a isso de INCOMPETÊNCIA. Será que os oportunistas que fazem da INCLUSÃO um trampolim para manchar com os propósitos da Associação, vão responder? Nota ZERO para quem fazia parte da Associação e ficou quieto todo esse tempo. Tem de levar na cabeça para aprender buscar seus direitos e não ficar somente na dependência dos outros.

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