Movimento Punk , sua história no mundo e no Brasil.

Publicado por Cris Fagundes - 19/04/2012 - 16h51

Numa época em que as músicas que tocavam nas rádios duravam de dez a quinze minutos, com grandes solos de guitarra e bateria, surge uma música rápida, curta e simples, tocada por rapazes cansados de ouvir hinos hippies e que decidem fazer suas próprias músicas, mesmo não sabendo tocar sequer um acorde. Assim nasce o punk rock em Nova Iorque entre 1974 e 1975, tendo como principal representante Os Ramones. Eles já herdavam influências significativas como o MC5 e Stooges, e começam a tocar sem nenhuma pretensão além da diversão, tentando resgatar um pouco do rock dos anos 50 e 60.
Quase ao mesmo tempo em que nascia o punk, acabava os New York Dolls , a principal banda representante do glam rock – eles se vestiam como mulheres, além de usar purpurina e maquiagem, que era empresariada por uma figura que pouco depois se tornaria peça-chave para o punk, um inglês chamado Malcon McLaren. Percebendo o quanto os New York Dolls estavam ultrapassados, Malcon acaba com a banda e influenciado pela cena em Nova Iorque volta para Londres com uma idéia na cabeça. Assim nasce os Sex Pistols, uma criação de Malcon McLaren e sua esposa Vivienne Westwood. Eles juntam alguns freqüentadores de sua loja e incorporam a eles o visual da cena em Nova Iorque – com alguns toques pessoais da estilista Vivienne – e também o estilo da música já vivenciada por Malcon, com tons mais políticos.
Em 1 de dezembro de 1976, o grupo é convidado a participar de um programa de TV nacionalmente assistido, veiculado às 17hhora do chá londrino. Pela primeira vez, é pronunciada a palavra “fuck off” em rede nacional – claro que pelo integrante mais polêmico do grupo: Johnny Rotten – e então a banda se torna alvo de toda a imprensa britânica, transformando-se num verdadeiro fenômeno.
Em 12 de novembro de 1977 o grupo lança seu primeiro e único álbum de estúdio: Never Mind the Bollocks, Here’s The Sex Pistols.
Antes dos Sex Pistols, os Ramones já haviam gravado seu primeiro LP, Ramones, lançado no início de 1976. Assim, o punk acontece no mundo, com os Ramones, Sex Pistols, The Clash, e muitas outras bandas.
O que acontecia no mundo chega ao Brasil – claro que algum tempo depois, e com algumas características um pouco diferentes. Alguns dizem que em 1976 alguns grupos de Brasília já ouviam os Ramones, mas a cena teve força mesmo em São Paulo, à partir de 1977. Em plena ditadura militar, os jovens agregam aquele novo som protestante às suas realidades. Através das poucas revistas que eram publicadas no Brasil com fotos dos Ramones e Sex Pistols, começam a imitar seu visual: jeans, camiseta branca, alfinetes nas roupas e no rosto, como forma de agressão à sociedade e ao sistema. Entre 1977 e 1980, os punks eram basicamente gangues de rua, que possuíam em comum a forma de vestir, o gosto pela música e o ódio um pelo outro. No início dos anos 80, as gangues de São Paulo começam a unir-se, mas ainda existia a rivalidade com os punks do ABC. Em 1982, Clemente, vocalista da banda Inocentes, Redson, vocalista da banda Cólera e mais alguns punks de São Paulo decidem organizar um festival para unir os punks de São Paulo e do ABC. Um pouco desconfiados, os punks do ABC topam vir para São Paulo participar do festival, e assim, é organizado o “Começo do Fim do Mundo”, festival histórico realizado no Sesc Pompéia. O festival acaba em pancadaria e polícia versus punks, e fica registrado como um dos maiores festivais punk do Brasil. Em 2001 e 2002, a então prefeita de São Paulo Marta Suplicy organiza na Lapa outros dois festivais em comemoração aos 20 anos do “Começo…”: “A Um Passo Para o Fim do Mundo” e “O Fim do Mundo”, com muitas bandas que participaram em 1982.
Apesar de o Movimento Punk se assemelhar em todos os países, cada qual ganhou aspectos particulares com o tempo. Quando chegou ao Brasil, o movimento era apolítico, mas foi em meados dos anos 80 que assumiu feições de movimento inclinado à esquerda e alguns punks passaram a colaborar com os anarquistas com rumo totalmente direcionado à militância política, com discussões e ações mais ativas, opondo-se à mídia tradicional, ao Estado, às instituições religiosas e grandes corporações capitalistas. Em 1988 alguns punks unem-se oficialmente com grupos anarquistas, criando assim os Anarcopunks.
Em geral, o movimento defende valores como o anti-machismo, anti-homofobia, anti-fascismo, liberdade individual, autodidatismo, etc.
Podemos dizer que os punks buscam uma revolução, uma quebra da hegemonia de idéias burguesas. Eles divulgam suas idéias através das músicas, de mídias alternativas – como os fanzines, e principalmente através do seu discurso. Em geral, evitam a mídia de massa, como as televisões pra difundir suas idéias, por acreditarem que essas mídias sejam grandes manipuladores de mentiras à sociedade, distorcendo os fatos em benefício próprio.

“O punk é um movimento sócio-cultural, ele é a revolta dos jovens da classe menos privilegiada, transportada por meio da música”

disse Clemente, vocalista da banda Inocentes em carta resposta sem data à matéria intitulada “A Geração Abandonada” publicada pelo jornal O Estado de São Paulo também sem data definida, no ano de 1982.
Desde a chegada da cultura punk no Brasil até hoje, a maioria dos punks são pessoas bem jovens. A música com seu discurso anti-governo, a chamada ao confronto, o protesto contra a miséria, fala diretamente com esses jovens, fazendo que eles se identifiquem e passem a participar ativamente do movimento.
Ivone Cecília D’avila, Doutora em História Social – PUC Campinas escreveu na Revista “Varia História, Vol. 24, no. 40, – Punk: Cultura e Arte”:

“O enfrentamento costumeiro nas periferias das cidades foi adaptado para satisfazer às necessidades de comunicação da luta contra o capitalismo e a sociedade de consumo. A violência nesse sentido, responde a diferentes necessidades: repelir a violência policial, repelir de uma maneira geral as relações hierárquicas e toda a forma de repressão que contribuem para gerar, afirmar a postura de rebeldia e a cultura do mundo do qual ela deriva”

Mas não é só violência a favor de seus ideais que existe no movimento. Apesar de alguns punks não pertencerem a nenhum grupo, as gangues ainda assombram o movimento. As brigas entre gangues, ou entre punks e skinheads (neo-nazistas) ainda existem. Os casos mais graves, que muitas vezes acabam em morte chegam à imprensa, o que taxa equivocadamente todo o movimento como muito violento.
E é entre muita música, debates, violência, política, visual, a anarquia, história, lutas etc é que os punks sobrevivem até hoje no Brasil.
O primeiro disco punk de apenas uma banda no Brasil, foi o EP Violência e Sobrevivência, do O primeiro disco punk de apenas uma banda, foi o EP Violência e Sobrevivência, do Lixomania. Hoje em dia, esse álbum pode ser encontrado em vinil por preços absurdos, variando de 100 até 700 reais.
Nos anos 1980 o punk explodiu no Brasil e surgiam inúmeras bandas em vários cantos do país, tanto no Nos anos 1980 o punk explodiu no Brasil e surgiam inúmeras bandas em vários cantos do país, tanto no Rio Grande do Sul com Os Replicantes e Pupilas Dilatadas, no Nordeste com a banda Homicídio Cultural e também em São Paulo, ABC e Rio de Janeiro, com as bandas Hino Mortal, Garotos Podres e Ulster (ABC), Ratos de Porão, Psykóze e Fogo Cruzado (São Paulo), e no Rio de Janeiro Desordeiros e Espermogramix.
O movimento punk no Brasil seguiu firme e forte, mesmo com todas as dificuldades, e foi crescendo, e hoje praticamente todas cidades brasileiras tem uma cena punk e o movimento brasileiro é considerado um dos maiores do mundo, com muitas bandas brasileiras indo tocar na Europa em festivais importantes.

Vale também ressaltar que o movimento Punk, influenciou e muito outros estilos musicais do Rock, como o próprio Heavy Metal,  que vinha em decadência e a pegada Punk-Rock, influênciou com vários elementos os subgêneros do Metal, como  o Speed Metal por exemplo, e teve papel fundamental no movimento N.W.O.B.H.M –  (Nova Onda Do Heavy Metal Britânico), que apesar do nome,  se espalhou por toda Europa e resto do mundo.

Segue abaixo alguns vídeos das principais bandas do movimento Punk, internacional, nacional e óbvio da nossa Riomafra, com Os Remanescentes, que leva sempre a bandeira do Punk-Rock por onde passa.

The Ramones – e a clássica  “Blitzkrieg Bop” – Foi lançada como o single de estreia da banda em abril de 1976 nos Estados Unidos e apareceu como faixa principal do álbum Ramones, também lançado naquele ano.

Sex Pistols – tocando “Submission”.

The Clash –  “I Fought the Law”.

http://www.youtube.com/watch?v=MBeT4ptY9sY

Os Replicantes – “Surfista Calhorda” (Clipe Raro).

http://www.youtube.com/watch?v=Yy11ME3uUkA

Os Remanescentes – Músicas: “Ressaca & Drinks de Costume II” – (Ao Vivo no London Club / Mafra-SC)

Uma ótima tarde a todos e até a próxima galera.

 

 

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01 comentário publicado
  1. Menina Punk _I_

    Tinhaa que coloka fotos de Punk Tbéem :@

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