O Deus Negro e Revolucionário da guitarra – Jimi Hendrix.

Publicado por Cris Fagundes - 31/07/2012 - 17h44

Boa tarde galera, hoje vamos falar de um cara que dispensa apresentações, sem mais delongas, vamos direto a ele, … Jimi Hendrix!!!

“I don’t mind, I don’t mind
Alright, if all the hippies cut off all their hair
I don’t care, I don’t care
Dig, ‘cos I got my own world to live through
And I ain’t gonna copy you”

“Quando se ouve Jimi Hendrix percebe-se o quão besta, insípida, linear e entediante é a música que a maioria dos jovens se dedica a escutar e idolatrar atualmente”.

Este texto abre o comentário do jornalista Airton Seligman sobre o último disco de Hendrix lançado no Brasil, publicado no Estado de S. Paulo, dia 19 de março de 1991. Março de 91!!! E a opinião de Seligman coincide com qualquer pessoa de bom senso em matéria de música, principalmente porque até hoje ninguém superou Jimi na guitarra. E muita gente tenta imitar o que ele fazia com apenas uma guitarra e um pedal simples de Wah-Wah, utilizando mesmo toda a parafernália tecnológica das baterias completas de pedais disponíveis. Em vão.

Como guitarrista, Jimi redefiniu totalmente as possibilidades desse instrumento, da mesma forma como Jack Bruce mostrou que o baixo não era apenas um instrumento de apoio e Charlie Parker redefiniu o saxofone. Como compositor deixou algumas jóias, puros diamantes lapidados com imagens surrealistas, místicas, sem perder a característica sensual e agressiva do blues. A revista Rock Espetacular, de 1976, afirma que enquanto ele viveu não houve lugar para mais ninguém. “Ele não só eclipsou Eric Clapton e Mick Jagger, como fez de todos os demais, músicos antiquados”.

James Marshall Hendrix nasceu em Seattle, Washington. A mãe, Lucile, era descendente de índios, por isso Jimi passou grandes temporadas com a avó, uma autêntica Cherokee. O pai lhe deu um violão aos 11 anos. Um ano depois vendeu o próprio sax para dar ao filho uma guitarra elétrica. Aos l6 anos sai da escola, aos 21 está no exército. Era o ano de 1963. Na hora de optar, Jimi vai para o Regimento de Paraquedistas, já prenunciando os vôos que faria nos anos seguintes. Quatro meses depois é desmobilizado, com um tornozelo quebrado. Segundo a história, em um único dia saltou 26 vezes. Já era um maluco.

Ao sair do exército Jimi voltou a abraçar a guitarra e de conjunto em conjunto chegou a participar dos grupos de Little Richards, Isley Brothers (com quem gravou o primeiro disco), Wilson Picket e Yke and Tina Turner. Em 64 passeia pelo Greenwich Village de Nova Iorque e toca com John Hammond, deixando já de boca aberta estrelas como Dylan, os Beatles e os Stones. Foi quando teve sua grande oportunidade, pelas mãos de Chas Chandler, ex baixista de Eric Burdon nos Animals. Chas passou a produzir discos e levou Jimi para a Inglaterra. A idéia de Chas era colocar no palco, juntos, Clapton e Hendrix. Mas Clapton estava muito ocupado com os Bluesbrakers e depois o Cream. Então decidiu criar uma banda própria, nos moldes do mesmo Cream, com apenas três músicos. Mith Mitchell foi escalado na bateria, Noel Reding ficou com o baixo e surgiu o grupo definitivo para as aventuras do Deus negro: o Jimi Hendrix Experience. Antes de gravar, contudo, Jimi e banda acompanharam o roqueiro francês Johnny Halliday e quando voltou da França tocou com o New Animals. A história conta que Chas teve que vender seus seis contrabaixos para financiar a festa em que apresentou Jimi e conseguiu o contrato para o Experience acompanhar o New Animals. Na segunda apresentação roubaram a guitarra de Jimi e Chas vendeu seu último baixo para comprar-lhe outra. Dois dias depois, “Hey Joe”, gravada pelo selo Track, do empresário do Who, estourou na Inglaterra e o grupo passa a ser requisitado para tocar nos clubes e concertos por todo país.

Novamente uma little help dos amigos: ia acontecer o festival de Monterrey (junho de 67), nos Estados Unidos, e Brian Jones deixa Londres para convencer os americanos que o festival não seria o mesmo sem o Experience de Jimi. Junto com “Hey Joe”, já havia sido lançada a canção identidade de Hendrix, “Purple Haze” e o LP Are You Experienced. Jimi é aceito e coloca todo mundo no bolso. Sua apresentação é antológica. No fim do show Jimi ataca o clássico que havia sido sucesso com os TroggsWild Things -, e tem que agradecer quase meia hora de aplausos quando a platéia vai ao delírio, o palco em chamas. Jimi simplesmente “faz amor” com a guitarra, joga o líquido de um isqueiro no instrumento, toca fogo e continua tirando sons, microfonias, a guitarra em chamas na cabeça. Deus e o Diabo em um ritual de som e magia arrebatador. O filme do Festival mostra todo o espetáculo. Nesse mesmo dia, apenas uma branca do Texas faria tanto sucesso: Janis Joplin.

A apresentação em Monterrey valeu um contrato para apresentação do Experience no Fillmore West, a casa de Bill Graham mais prestigiada na ocasião, e uma série de shows que consolidaram definitivamente a imagem de Jimi nos EUA. Depois, ele volta com a banda para Londres. Are You Experienced é sucesso no mundo inteiro.

Com o Experience, Jimi acelerou em 68 o processo autodestrutivo de seu trabalho: destruía amplificadores, dançava com um demônio, sensualidade e beleza, som e fúria, tocando a guitarra nas costas, com os dentes, tirando som das cordas no pedestal do microfone, fazendo dos falantes caixa de ressonância para suas experiências com a distorção. E mantinha tudo sob controle. Mas não dava para ser tão performático a vida inteira. E Jimi percebia que aquilo teria que ter um fim, queria ser ouvido pela sua música, não pelos escândalos que provocava. É dessa fase as famosas 40 horas de fitas que o seu engenheiro de som e produtor Alan Douglas tem registradas, e que solta homeopaticamente em discos (fora os piratas que saíram depois de sua morte). Nessas jamms e brincadeiras Jimi tocou com todo mundo, de guitarristas como John McLaughlin ao trompetista Miles Davis e qualquer um que aparecesse. A única coisa com que se ocupava eram mulheres, a droga que o consumia e iria matá-lo e a música.

Toda tristeza e loucura, porém, não afetavam a música de Hendrix. Ele continuava a frente do seu tempo, subvertendo os limitados recursos da guitarra, tirando captadores de fase para melhor usar a microfonia e sustentar as notas. Sua técnica também é única, tanto que ninguém até hoje consegue executar muitas de suas músicas. Nas composições mostra um letrista inspirado, refletindo sempre a angústia em que vivia. A letra de Purple Haze é tudo isso.

Com Mitchell e Reding grava em seguida o “Eletric Ladyland”, recebido com indiferença, porque não trazia aquele espírito de incendiário, contestador. Um álbum, porém, criativo e forte. Depois dele o Experience se desfaz e chegamos ao ano de 69, o ano de Woodstock. Ali, novamente, Hendrix volta a brilhar como nunca, quando toca o hino dos Estados Unidos, Star Splanged Banner, e traz para a platéia de 400 mil pessoas o som das bombas que caiam no Vietnã.

No ano seguinte grava com Billy Cox, no baixo, e Buddy Miles, na bateria, o Band of Gipsies. Em agosto volta à Inglaterra e se apresenta no III Festival da Ilha de Wight. No dia 18 de setembro, numa quinta-feira de manhã, sua namorada, Monika Danneman, deixa Jimi dormindo para ir comprar cigarros. Ao voltar, ele está muito mal. Havia tomado remédios em excesso para dormir. Na ambulância, os médicos acham que ele está bem, o colocam sentado. Jimi não respira bem. Morreu sufocado no próprio vômito antes de chegar ao hospital. Não houve overdose ou tentativa de suicídio. Na realidade foi um acidente.

E assim meus amigos, chega ao fim a vida e trajetória de mais uma lenda do NOSSO Rock and Roll, que continuará para sempre eternizado em suas obras, histórias, na mais insensata lucidez que é a vida.

Terminamos esse texto de hoje, com alguns vídeos do eterno mestre da guitarra Jimi Hendrix.

Jimi Hendrix – Purple Haze.

http://www.youtube.com/watch?v=8MYIc6s5ACY

Jimi Hendrix Experience – Wild Thing – Monterey Pop Festival 67.

http://www.youtube.com/watch?v=kB31q-Ap-RE

Jimi Hendrix –  Star Splanged Banner – Ao Vivo Woodstock 1969.

http://www.youtube.com/watch?v=LMhq1L0cJf0

Jimi Hendrix – Hey Joe – Ao Vivo Woodstock 1969.

http://www.youtube.com/watch?v=AEdUhErJq9E

Tenham todos uma ótima tarde, e até a próxima.

 

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