Como todos sabem Roberto Agenor Scholze – o Eto, (PT) teve seu mandato de prefeito cassado no dia 4 de junho em outro processo de infração político administrativo que ficou conhecido como a CPI do RH. Mas mesmo assim ele tem processos investigados por outras CPI´s na Câmara de Vereadores, uma delas é CPI das Madeiras que foi instaurada no ano passado com o objetivo de investigar suposta prática de crime de responsabilidade, improbidade administrativa e quebra de decoro por parte do então prefeito e estava suspensa desde o final de novembro por uma liminar concedida a ele.

No entanto, a Justiça autorizou no mês de abril de 2015 a Câmara de Vereadores a dar prosseguimento ao processo administrativo, entendendo que os fatos narrados na denúncia podem configurar infração político-administrativa, e que incumbe ao poder judiciário apenas a análise da regularidade do procedimento e a existência dos motivos, pois se trata de procedimento exclusivo da Câmara de Vereadores.

Então na tarde desta segunda-feira (20) os vereadores realizaram a sessão de julgamento, onde por oito votos favoráveis e apenas um contrário (vereador Bello), o ex-prefeito Eto foi condenado novamente pela prática de infração político-administrativa que consistiu em omitir-se ou negligenciar na defesa dos bens, rendas, direitos ou interesses do município sujeito à administração da Prefeitura.

Como o ex-prefeito já teve seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores em processo administrativo semelhante e por existirem recursos judiciais impetrados pelo denunciado tramitando no poder judiciário, com o objetivo de voltar ao cargo de prefeito, os vereadores mantiveram os trabalhos da CPI. Caso o ex-prefeito tenha sucesso na esfera judicial a decisão da CPI das Madeiras passa a ter efeito imediato.

A CPI das Madeiras teve como presidente a vereadora Marise Valério Bráz de Oliveira (PMDB), como relatora a vereadora Márcia Nassif (PSD) e o vereador Luis Alfredo Nader (PSD) como vogal. A Comissão Processante após escutar os depoimentos e analisar os documentos apresentados entendeu que os fatos narrados na denúncia realmente configuraram infração político-administrativa, onde emitiram o parecer final pela procedência da acusação e pedindo sua cassação.

A comissão investigou a denúncia feita pelo eleitor Helinton Reinaldo Ferreira, na qual foi relatado que o município de Mafra teria recebido a doação de 262 árvores por parte da Autopista Planalto Sul, e que as mesmas teriam sido depositadas no Centro de Serviços da Prefeitura e na ASPM, salientando que a madeira teria sido retirada dos locais  por caminhões particulares, sendo desconhecida a sua destinação e aplicação.

O único vereador que votou contra o relatório, ou seja, pela absolvição do ex-prefeito Eto foi o vereador Abel Bicheski – o Bello, (PR). Os demais vereadores Clecio Witt (PSD), Edenilson Schelbauer (PSDB), Eder Gielgen (PMDB), Erlon Veiga (PRB), João Acir Peters – o Joãozinho Patroleiro (PPS), Luis Alfredo Nader (PSD), Márcia Nassif (PSD) e Marise Valério Bráz (PMDB). O vereador Hebert Werka (PR), não participou da sessão.

ETO SE DEFENDE

Diferente do dia 3 de junho, quando ainda prefeito,  Eto tentando uma manobra política, segundo alguns vereadores, apresentou um atestado médico e não apareceu na sessão que cassou seu mandato, nesta segunda-feira ele mesmo usou a tribuna da Câmara para se defender.

Falou de seus sonhos que foram interrompidos, que voltará a estudar e a trabalhar na farmácia da família, “Meus sonhos foram ceifados por conta de um ego, sede de poder, que não medem as consequências”, disse. Roberto falou aos vereadores para tomarem cuidado no ambiente que estão, “O buchicho de boa pequena na cidade diz que há mais processos de cassação em vista, de um [vereador] querendo puxar o tapete do outro, de telhados de vidros descobertos”, destacou.  Alertou ainda aos parlamentares para tomarem cuidado em seus projetos de reeleição, “Continuo de cabeça erguida, acreditando no município de Mafra, e tenho ciência que fiz o meu papel da melhor forma possível”. Alegou que foi tudo uma “armação” para lhe tirarem do cargo. Disse também não saber o que estava fazendo ali, pois já estava cassado e não tinha necessidade de um novo julgamento. Disparou contra vários vereadores, denunciantes, servidores e até contra o atual prefeito Wellington.