Simpósio em Mafra vai discutir saúde do trabalhador rural

Publicado por Gazeta de Riomafra - 26/11/2014 - 20h18

O município de Mafra vai sediar, na quarta (26) e na quinta-feira (27), um simpósio que pretende discutir a saúde do trabalhador rural da região. O evento está sendo promovido pela Justiça do Trabalho catarinense e faz parte das atividades do Programa Trabalho Seguro, iniciativa do Tribunal Superior do Trabalho cujo objetivo é prevenir os acidentes de trabalho a partir da conscientização de patrões e empregados. O seminário acontece na Universidade do Contestado (UnC), com abertura marcada para as 14h desta quarta.

O evento tem caráter multidisciplinar e traz juristas de renome nacional, como Sérgio Cavalieri Filho e José Affonso Dallegrave Neto, e profissionais da área de saúde. A organização é do juiz do trabalho Daniel Lisboa, gestor auxiliar do Programa para a 10ª Circunscrição, que inclui as jurisdições de Canoinhas, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul e Mafra. “O tema trabalho rural foi escolhido por também ter sido o foco da campanha deste ano do TST”, esclarece o magistrado.

Uma das palestrantes da área de saúde será a professora do curso de Fisioterapia e pesquisadora da UnC Renata Campos, doutora em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP). Desde 2012 ela coordena, na UnC, um projeto de pesquisa do Ministério da Saúde que busca fortalecer a rede de atenção à saúde do trabalhador do Planalto Norte, incluindo os municípios de Mafra, Papanduva e Itaiópolis.

O projeto possui oito linhas de pesquisa e a professora pretende apresentar pelo menos duas delas. Uma, realizada com 50 produtores de tabaco de Itaiópolis, revelou que nenhum deles utiliza protetor solar. “Isso é grave, pois sabemos que a incidência de câncer de pele em Santa Catarina está entre as mais altas do país”, alerta Renata.

Disfunção respiratória

Renata Campos também pretende trazer dados de uma pesquisa realizada com 33 funcionários de uma madeireira de Mafra. De acordo com a professora da UnC, apenas três deles usavam máscaras de proteção, embora todos trabalhassem no corte da madeira. “Muitos deles já apresentavam algum nível de disfunção respiratória, provavelmente por inalação da poeira gerada pela serragem da madeira”, constata a professora, que lamenta o fato de apenas uma entre as 70 madeireiras da região ter aceitado participar da pesquisa.

De 2010 a 2012, Santa Catarina respondeu por 18,3% dos acidentes de trabalho ocorridos na fabricação de móveis e outros produtos de madeira: dos 37,5 mil registros contabilizados pelo Anuário Estatístico da Previdência Social em todo o Brasil, 6,9 mil foram em Santa Catarina.
Outro fato que também preocupa, segundo a pesquisadora, é o baixo nível de conhecimento dos funcionários sobre o tema segurança do trabalho. Renata Campos acredita que capacitar os dirigentes e gerentes das empresas é a primeira medida a ser tomada. Se isso não resolver, a fiscalização precisa ser intensificada. “O empregado não tem muita escolha: se o patrão mandar ele usar o equipamento, ele vai usar. Não dá para ser flexível quando estamos lidando com a saúde humana”, finaliza.

Foram convidados para o seminário representantes de diversos sindicatos, dirigentes empresariais, profissionais da área de saúde e também do meio acadêmico. As inscrições são gratuitas e qualquer pessoa pode participar, bastando enviar um e-mail trabalho.seguro@trt12.jus.br.

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