Santa Catarina contabiliza perdas na agricultura devido à estiagem

Por Assessoria - 31/03/2020
A seca afeta principalmente a produção de milho, feijão e leite. Créditos: Divulgação/Epagri

Lavouras de Santa Catarina sofrem com a falta de chuvas. Desde junho de 2019, o estado vem passando por períodos de estiagem, que afetam principalmente a produção de milho, feijão e leite. Nesta terça-feira (31), a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) reuniram, via videoconferência, lideranças do setor produtivo e técnico para apresentar a situação atual do agronegócio catarinense e a previsão meteorológica para os próximos dias.

“Vivemos um momento delicado para a agropecuária de Santa Catarina. Nossos técnicos estão constantemente monitorando os efeitos da estiagem no estado e os impactos nas safras. Compartilhar essas informações com o setor produtivo é fundamental para que possamos tomar decisões mais certeiras e nos prepararmos para o que está por vir. Precisamos transformar a informação em ação para apoiar os agricultores catarinenses”, ressalta o secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa.

Segundo informações do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram), em algumas regiões a média de chuvas está 550 mm abaixo da média histórica para o período, principalmente no Meio Oeste, Extremo Oeste, Planalto Sul e Planalto Norte. Durante o mês de março, os volumes de chuva acumulada também foram menores do que a média mensal para todas as regiões do estado. “Em algumas regiões, como no Meio Oeste, até tivemos uma maior concentração de chuvas, mas que não foram significativas. Mais de 80% das regiões tiveram chuvas menores do que o esperado”, explica o meteorologista Clóvis Correa.

Estiagem em Santa Catarina

Iniciada em 2019, a estiagem vem castigando as lavouras de Santa Catarina. Em junho, julho, agosto e setembro de 2019, choveu a quantidade o equivalente a um mês normal. A partir de 20 de dezembro, a seca se intensificou no estado.

Após dois meses (janeiro e fevereiro) de chuvas isoladas, com locais até acima da média, em março o volume de chuva voltou a cair.

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Impactos na agricultura

Com boa parte das safras de inverno já colhidas ou em fase final de colheita, a maior preocupação do setor produtivo catarinense é com a safra de verão. O levantamento feito pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) aponta para redução de produtividade nas lavouras de batata, feijão, fumo e milho grão.

“Com a permanência da estiagem em todo o estado nós percebermos uma piora no quadro das principais lavouras de verão. É o caso, por exemplo, do milho grão que teve a 1ª safra marcada por produtividades elevadas em algumas regiões, como o Planalto Norte e o Extremo Oeste; já a região Meio Oeste sofreu bastante, com alguns municípios registrando perdas a cima de 60% de produtividade em comparação com o ano passado. O milho 2ª safra, que é plantado na região Oeste, Extremo Oeste e Sul do estado, também foi bastante afetado pela estiagem, isso tem resultado em perdas de produtividade significativas”, destaca a analista da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão. 

O maior impacto é sentido nas plantações de batata, onde a produção deve diminuir 34% em relação ao ano anterior, chegando a 72 mil toneladas. A safra de feijão também será 6,7% menor, com a maior quebra na região de Campos de Lages.

Com 80% da primeira safra de milho colhida e toda segunda safra plantada, Santa Catarina espera uma redução de 10% na produção, fechando em 2,6 milhões de toneladas. As regiões mais prejudicadas são Campos de Lages e Curitibanos, onde está localizado Campos Novos, um dos maiores produtores de Santa Catarina.

Os impactos na produção de soja são menores. Cerca de 70% das lavouras catarinenses de soja já foram colhidas e devem ter uma queda de apenas 0,9% na produção devido a um aumento na produtividade nas regiões de Chapecó, São Miguel do Oeste e Canoinhas e pelo aumento de mais de 15 mil hectares na área plantada em todo o estado.

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Para o milho silagem é esperada uma redução de 0,6% na produção, fechando em 9 milhões de toneladas. A maior região produtora é o Extremo Oeste e a preocupação é com as lavouras que foram plantadas em janeiro, que devem ter sua produtividade reduzida.

Impactos na pecuária

Segundo informações da Epagri/Cepa, até o momento, não há relatos de perdas diretas na produção de suínos e aves decorrentes da estiagem. Em alguns municípios, os produtores estão sendo atendidos com caminhões pipa, porém a grande maioria dos suinocultores e avicultores possuem estruturas de armazenagem de água, o que dá maior segurança para o sistema de produção e reduz a necessidade de abastecimento complementar.

Na produção de bovinos de corte, por sua vez, se observa uma gradativa piora na qualidade das pastagens em função do baixo volume de chuvas e das elevadas temperaturas. Esse processo normalmente reduz o ritmo de ganho de peso dos animais criados à base de pasto ou demanda a utilização de alimentação suplementar, o que eleva os custos de produção.

Produção de leite

Existe uma preocupação também com o setor leiteiro. Os meses de abril e maio são, historicamente, os períodos de menor oferta e este ano foi acentuada pela estiagem.

A falta de chuvas está prejudicando a quantidade e qualidade das pastagens, afetando a produção e aumentando os custos de produção de leite. Informações preliminares apontam para uma redução significativa na quantidade produzida em relação a outros anos.

Apoio ao setor produtivo

A Secretaria da Agricultura e suas empresas vinculadas – Epagri, Cidasc e Ceasa – mantém o atendimento aos agricultores catarinenses nesse período de quarentena, sendo grande parte dos serviços realizado de forma remota. Os programas e projetos seguem em andamento, beneficiando produtores rurais em todo o estado.

Os agricultores contam com financiamentos, apoio no pagamento de juros, incentivo para investir na melhoria do processo produtivo, ampliação de renda, irrigação, entre outros.  A Secretaria trabalha ainda na elaboração de um novo programa de financiamento para pequenos empreendimentos rurais, os investimentos devem chegar a R$1,5 milhão e a expectativa é de que injetem R$ 60 milhões na economia catarinense.

Para minimizar os efeitos da estiagem, fenômeno recorrente em Santa Catarina, a Secretaria da Agricultura mantém diversas linhas de apoio à construção de cisternas e sistemas de abastecimento. Nos últimos cinco anos, o Governo do Estado investiu mais de R$22,9 milhões nesses projetos, além da cessão de uso de mais de 400 distribuidores de água para os municípios. Em 2019, foram apoiados 538 projetos de irrigação, num investimento de R$ 182,9 mil em subvenção de juros de financiamentos.

Previsão do tempo para a primeira quinzena de abril/2020

O mês inicia com pancadas de chuva bem isolada no Oeste e Meio-Oeste. Do Planalto ao Litoral, haverá variação de nuvens e chuva isolada ocasional, associada a circulação marítima.

No dia 02/04, a passagem de uma frente fria traz pancadas de chuva e risco de temporais isolado a partir da manhã, no Oeste e Sul . Nas demais regiões, essa chuva acontece a partir da tarde de noite.

Dia 03, 04 e 05/04, presença de sol em toda Santa Catarina, as temperaturas amenizam, com chance de geada isolada no Planalto Sul.  Depois disso, a temperatura volta a se elevar.

Próximo ao dia 08/04, uma nova frente fria deve avançar pelo litoral de Santa Catarina, provocando chuva mal distribuída com baixa acumulado e, logo após, a diminuição da temperatura novamente.

As massas e ar frio começam a chegar na segunda quinzena de abril, trazendo temperaturas mais amenas. Mas a tendência é de períodos mais secos e temperaturas mais elevadas de um modo geral. O frio fica mais concentrado no período da noite e início da manhã.

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