Diante do comprometimento no atendimento feito pelos médicos do sobreaviso no município de Mafra, a Gazeta entrevistou alguns desses médicos que disseram estar sendo lesados já que são obrigados a atender pacientes de toda a região.

Inicialmente os médicos que atuam no sobreaviso do Hospital São Vicente de Paulo, teriam que atender apenas pacientes de Mafra, o que na prática nunca aconteceu, segundo informações obtidas, visto que atendem os municípios vizinhos e ainda as emergências trazidas pela Autopista Planalto Sul.

Em virtude desta situação, 18 médicos que atuam no município pediram ao Hospital um reajuste no valor recebido por dia de trabalho, valor este que gira em torno de R$ 500 ao dia, independente do número de atendimentos, que variam entre 20 a 30 chamadas ao dia, 365 dias no ano.

Por esta razão o Hospital São Vicente de Paulo, conforme informações repassadas à reportagem da Gazeta, por motivos até pessoais e por retaliação, teria substituído algumas especialidades como Ortopedia, Anestesia, por equipes de fora, por um valor duas ou três vezes mais alto do que a proposta feita pelos médicos daqui.

Segundo informações os médicos do sobreaviso não possuíam contrato prévio, e por isto teriam ficado em uma situação delicada, sendo que alguns destes estariam pensando em deixar o município.

“Como retaliação o Hospital está tirando de cena alguns médicos, não permitindo atendimentos via SUS e cirurgias eletivas”, disse um dos médicos, que afirmou que o Hospital já teria contratado uma equipe de Ortopedia de Curitiba, como também fez com a Anestesia e nos próximos dias deve fazer com a Neurocirurgia e Pediatria.

Um médico entrevistado por nossa reportagem afirmou que os médicos do sobreaviso são obrigados a atender pacientes de toda a região e sem ganhar a mais por isso, sendo que o Hospital recebe recursos mensais do Estado, porém não estaria repassando aos médicos do sobreaviso. “O Hospital tem muito dinheiro em caixa, recebe R$ 180 mil ao mês em recursos, e nossa defasagem chega a um ano”, ressaltou um médico.

Segundo informações, um caso recente de traumatismo craniano, por não haver atendimento em neurocirurgia, teve que ser encaminhado para Jaraguá do Sul, correndo risco de vida. Sendo que podia ser muito bem atendido em Mafra por um médico daqui.

Há casos em que anestesistas do município são impedidos de anestesiar pacientes do SUS, pois foram substituídos por anestesistas de fora. Isso deve acontecer com outras especialidades, assim que tiver nova equipe, os médicos do sobreaviso daqui de Mafra, não poderão mais realizar procedimentos.

Nos bastidores corre a informação, extra-oficial de que as medidas tomadas pelo Hospital São Vicente de Paulo têm apoio do Executivo de Mafra.

Os médicos do sobreaviso ressaltam que querem apenas um reajuste no subsídio e não pretendem tomar nenhuma medida drástica ou ação trabalhista. Eles reclamam que foram substituídos sem receberem uma proposta de negociação, mas todos aqueles que pleitearam o reajuste, foram excluídos do sistema público.

Estes médicos frisam que querem que a direção do Hospital entenda que o reajuste nos seus subsídios sairiam menos do que pagar equipes de especialistas de fora. Muitos destes médicos atendem há mais de uma década no município e o ganho no sobreaviso do Hospital corresponde, em alguns casos, a 70% de suas rendas.

Hospital

Tentamos contato na noite de terça-feira (29) com a direção do Hospital São Vicente de Paulo, na pessoa do coordenador geral Dário Sataczuk, que disse estar em reunião naquele momento com alguns médicos para debater o assunto, e que o Hospital deverá se manifestar através de sua Assessoria de Imprensa.